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quinta-feira, novembro 02, 2006

Gol do amor nas organizações

Gol do amor nas organizações
José Luís dos Santos

Tenho pensado muito no significado da palavra amor em sua totalidade. Se considerarmos as mudanças sociais, culturais, políticas ou, até mesmo, religiosas ocorridas nas últimas décadas, perceberemos que junto dessas mudanças, também foi "reestruturado" (para não dizer banalizado) o significado da palavra "amor".

Para ao menos pensar na palavra amor, é impossível não nos remetermos a traduções de origem religiosa, porque nos trazem uma essência confiável. Alguns autores nos ajudam nesses conceitos, tais como o Mestre Jesus Cristo, Steve Gallagher, James C. Hunter e Augusto Cury. Se usarmos como ponto de partida a língua grega, sabedores de que a língua grega tem várias definições para expressar o amor, veremos que existem alguns termos gregos para traduzi-la, como: eros, philos, storgé e agápç.

Eros é o amor carnal, por atração física. Philos é o amor fraternal e condicional. Storgé é apenas uma afeição. Agápç ("ágape") é o mais puro e autêntico amor: compromisso profundo que duas pessoas sentem uma pela outra. Palavra comumente usada no Novo Testamento. Dessa forma podemos compreender quanto o verdadeiro amor (ágape) está sendo descartado das organizações na era moderna, ou seja, há, na maioria dessas relações, uma afeição/carinho condicionado ou interessado pelas pessoas, quando não por atração física, mas, raramente um verdadeiro amor, um compromisso profundo, uma cumplicidade, uma troca real e verdadeira: um amor ágape.

Por um lado algumas organizações limitam-se a oferecer condições ideais (ou próximas disso) para o desempenho das atividades dos seus profissionais, cronometrando todos os segundos na busca incansável por ser sempre frente de batalha. Muitas delas entregam-se totalmente a essa "árdua tarefa", fazendo com que o seu contato com o "pessoal" seja simplesmente por obrigação ou algo parecido.

Do outro lado encontramos pessoas (seres humanos!) ávidas por um espaço concreto, onde possam mostrar suas habilidades, partilhar sonhos, construir pontes que interliguem ego versus maturidade profissional, conquistar respeito... É sim necessária toda uma estrutura física, mas é muito mais importante uma estrutura que os abrace com amor ágape.

A Copa do Mundo se passou mas podemos dizer que nesse confronto, ouvimos constantemente que é necessário "vestir a camisa". Realmente é necessário vestir a camisa, mas para isso ela tem de ter o número correto e esse número correto não é P, M ou G: só poderá ser ágape.

Assim sendo, com uma estrutura necessária oferecida, o reconhecimento à flor da pele, com um profissionalismo transbordante e uma camisa com numeração ágape, não faltará disposição para qualquer integrante do time.

Quando acontece dessa maneira, até o campo é bem tratado porque mesmo os jogadores importam-se em regá-lo, em aparar a grama, em tirar as sujeiras e não deixar que outros o estraguem. Estão realmente comprometidos com a causa.

Aqueles que porventura ficam no banco de reservas sentem-se à altura dos que estão dentro do campo, simplesmente porque foram treinados com amor ágape. Sentem confiança neles mesmos, são tratados como craques e não simplesmente como reservas. Quando for necessária sua entrada em campo, estarão dispostos a mostrar a todos que são capazes porque alguém lhes provou que eram capazes e, por isso, não querem decepcionar aquele que não os decepcionou.

O placar tem uma forte tendência a estar com números a favor do time da organização ágape, afinal, o placar não foi motivo para treinamento, uma vez que o maior motivo para tal foi interiorizar a importância de cada um dentro da tática escolhida (nesse caso denominada "tática ágape").

As trocas de passes acontecem naturalmente, ninguém precisa pedir a bola, nem cantar uma jogada, tampouco o técnico precisa ficar gritando na lateral do campo: todos sabem o que, como, quando e porque fazer.

As finalizações são magistrais, com direito a gols de placa, bicicleta, cabeça, depois de dribles e pedaladas inesquecíveis, deixando sempre os adversários para trás e balançando a rede uma, duas, três, quatro vezes.

A comemoração é em conjunto (claro!), onde diretoria, técnico, equipe técnica, assessoria de imprensa, seguranças, cozinheiros, faxineiros, jogadores titulares e reservas se abraçam, parecendo dizer com esse gesto: "Somos um. Somos fortes".

Dessa forma, quando uma organização opta por amar seu pessoal com amor ágape, uma coisa é certa: todos saem ganhando e com um único grito a ecoar pelos seus corredores: Goooolll! Depois é só comemorar.

Como nos diz o Mestre Jesus Cristo, ainda nos dias de hoje: "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!" (Mc 4,9).